segunda-feira, 8 de junho de 2015

RESENHA: Chappie

Um robô que precisa da Super Nanny! Urgente!


          Um futuro próximo, na cidade de Joanesburgo na África do Sul (cidade natal do diretor), onde as forças policiais são regidas por máquinas ao invés de humanos. Onde a maior parte do trabalho de manter a cidade segura agora pertence às inteligências artificiais. Parece absurdo não parece? Pois Neil Blomkamp faz parecer tudo isso convincente.
         Essa é a premissa de Chappie, novo filme do diretor que trouxe Distrito 9 e Elysium para as telas do cinema. A trama de um robô com consciência humana e capaz de sentir não é novidade (já vimos isso em A.I. de Steven Spielberg, e recentemente em Operação Big Hero ou até mesmo em Vingadores: A Era de Ultron), então, o que Chappie tem de novo? Essa é a pergunta a ser respondida. A príncipio, Chappie é apenas mais um protótipo do serviço de segurança de Joanesburgo, codificado como "22" fabricado pelas empresas Tetra Vaal, regida pela presidente Michelle Bradley (Sigourney Weaver), quando durante uma missão, é desabilitado e levado ao depósito, quando o criador de todo o projeto dos robôs policiais, Deon (Dev Patel), desenvolve um programa de consciência própria dos robôs, e ao ser impedido de sua chefe de testá-lo em uma das máquinas, resolve usá-lo no protótipo 22 atingido em missão. Porém, um grupo de bandidos descobre o talento de Deon para a robótica e decide induzi-lo violentamente a programar 22 a ajudá-los em um assalto milionário para pagar dívidas. 22 então ao receber a nova tecnologia torna-se Chappie, o sistema de programação ideal da inteligência artificial. E por aí vai. 
          Esses tais bandidos são vividos pelo grupo de rap-rave Die Antwoord, que utilizam seus nomes artísticos reais também no filme, Yo-Landi e Ninja. Claramente devido ao alto convívio entre a dupla em turnês e shows, a química e interação em cena são evidentes. E para pessoas inexperientes com atuação, os artistas se saíram muito bem, e convenceram o público como atores competentes. Destacam-se também Dev Patel, o principal humano da trama, que mais uma vez tem uma atuação firme e digna de elogios, mostrando que merece ser lembrado não só como o menino de Quem Quer Ser um Milionário. E Hugh Jackman, o Wolverine de X-Men, que já mostrou-se um grande ator desde Os Miseráveis, teve a oportunidade de soltar seu sotaque australiano de nascença no papel do vilão da trama, Vincent. 
          Voltando ao plot, em Chappie é possível analisar a eficácia e risco de deixar as máquinas executarem o trabalho que desde sempre foi feito por humanos. Mesmo que metaforicamente, o filme demonstra o quão ingênuos somos em achar que dominamos a tempos uma tecnologia recente. Mesmo que pareça um futuro distópico e distante, não parecem ser tão irreais alguns acontecimentos do filme em relação aos avanços científicos. Blomkamp fez a lição de casa pelo visto. É nítido o embasamento às 3 leis da robótica de Asimov, que dizem: um robô não pode ferir um ser humano ou permitir que um ser humano sofra algum dano, deve obedecer as ordens dadas a um humano a não ser que a ordem não se oponha a primeira lei, e por último, o robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não conflite com as primeira e segunda leis. Mesmo que elas não sejam tão eficientes assim na história, tampouco explícitas, muitas vezes Chappie não toma alguma atitude que julga errada ou inapropriada por conta da sua própria consciência e ordens terceiras.
          Porém, não foi dessa vez que Neil Blomkamp superou sua grande obra Distrito 9. Chappie trouxe boas atuações e um roteiro futurista condizente. Os efeitos visuais do filme são formidáveis, grande processo de edição e técnicas de captura de movimento muito bem executadas, mas em relação a trama, a ideia de infantilização e progresso humano de um robô que em um mundo high-tech não tenha alguma conexão primordial com a Internet é difícil de comprar, tanto quanto a incompetência da polícia de Joanesburgo em situações de emergência ocorridas no filme, dentre outros. O estilo "jornada do herói" do robô torna-se irremediavelmente algo mais centralizado na trama, deixando pouco espaço para o desenvolvimento de personagens como o de Sigourney Weaver, que aparenta estar presente na história só para aprovar ou rejeitar projetos dos desenvolvedores de sua empresa. Pouquíssimas cenas disponibilizadas no filme para uma atriz tão brilhante e de papel interessante, pois ao invés disso, desenvolve-se o relacionamento inteiramente familiar de Chappie e seus co-relacionados.
            Enfim, o filme não chega nem perto de um fracasso, mas não alcança um grande nível de qualidade, mas vale a pena ser assistido. E se você é daqueles que adora umas teorias de conspiração, acha que um dia a tecnologia vai dominar o mundo, os humanos vão ficar gordos e ter que morar no espaço como em WALL-E, ou pirou com Ultron em Vingadores e saiu do cinema achando que tudo aquilo fazia sentido, vai adorar Chappie. Detalhe pro jeitão "gangsta" do robô no jeito de caminhar, é ótimo!

                                                                                                                            Matheus Camilo.                
       CHAPPIE: NOTA 7/10

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